quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Salvador - BA

No começo foi um pouco tumultuada, cheia de dúvidas do tipo: "Não sei se vou ou se fico?”.

Mas, é minha avó que necessita de minha companhia, a qual sempre esteve ao meu lado, a qual quando pequena cuidou e me encheu de mimos.
Aceitei, arrumei as malas com coração apertado em deixar o namorado, mas como era uma viagem em família já me sentia com um peso menos nas costas.

A viagem foi tranquila, mas nunca tinha percebido o quanto estar sozinha e dentro de um avião faz pensar em coisas jamais pensadas antes. Minha mente foi longe, pensei o quanto viver é uma loucura, a gente não percebe o quão somos insignificantes diante do planeta, o quão somos um grãozinho de areia diante da imensidão dos Sete Céus. Foi que refleti sobre o avião cair e eu morrer? Será que vivi o suficiente até aqui, será que aprendi tudo que queria e que devia? Será que amei e fui amada por aqueles que desejei? Será que assisti aos filmes necessários? Será que conheci os lugares suficientes dos quais sempre sonhei? Será que fui feliz até aqui? Será que fui uma boa filha, neta, irmã, amiga, namorada, aluna e comunicadora? Será, Será?

E então percebi que não tenho respostas com verdades absolutas de nenhuma delas, tenho apenas emoções das quais vivi, percebi também que não fiz nem metade do que gostaria ou que deveria fazer na minha vida. Mas, o avião não caiu, ele posou em Salvador. Troquei minha mala com de uma senhora, quando estava na metade do caminho foi que percebi minha confusão, voltei ao aeroporto, destrocamos as malas sorrindo e sem stress de ter cometido um erro.

Percebi a felicidade nos olhos da minha avó ao ver sua filha (minha tia) e a reciprocidade. Senti-me com uma paz, um amor transbordando em ter participado disso.

Preparamo-nos para conhecer a praia do Flamengo que ficava a uma quadra de sua casa, praia praticamente deserta, com coqueiros decorando a Orla, o mar deslumbrante de um verde claro cristalino, as ondas eram bravas, mas as pedras logo na beira formavam piscinas naturais, cheias de algas, sentei em meio às algas pensando na vida olhando a imensidão diante de meus olhos. Percebi o quanto Deus é perfeito, o quanto temos ao nosso redor coisas simples como essas que não são valorizadas e muito menos percebidas diante dos olhos do mundo.

Diverti-me muito com meus tios, dando risadas das palhaças em especial do meu tio. Frequentei a praia do Flamengo por alguns dias.

Conheci o Pelourinho, a sensação que tive foi de viver diante de tanta história, misticismo e cultura ao mesmo tempo. Muita riqueza de culturas religiosas, de histórias do nosso País que estão ali de graça em uma simples ladeira de paralelepípedos. Basta explorar, visualizar as artes em quadros, tecidos e outras coisas mais. Sem falar no símbolo da Bahia: as baianas, as mães de santo, os pais de santo, tive a oportunidade de conhecer um preto velho, parecia que tinha entrado em um filme ou uma foto em preto e branco ao me deparar com essa figura emblemática da religião africana.

Almocei por lá mesmo, experimentei a farinha deles feita da manteiga de garrafa, comi camarão, comi casquinha de siri, acarajé, vatapá e misturado com um bom talharim ao molho fungi de camarão. Isso é interessante viver da nossa cultura, da nossa herança e fazer parte da história de nosso País.
Bom seguindo, descemos o elevador Lacerda, para irmos ao Mercado Modelo, onde se encontra de tudo: Iguarias da região, Patuás para os devotos, imagens em madeira, muita coisas dos orixás, até produtos para simpatias, macumbas, ervas para banhos, camisetas e consulta de búzios. No subsolo, tem muita história de nossos escravos, eram ali amarrados, quando a maré subia muitos não resistiam e eram mortos por afogamento. Lugar de muita energia negativa, para os sensitivos como eu, pode sentir os calafrios mesmo sem descer ao subsolo. No dia em que estive lá, estava fechado para manutenção.

Saindo do Mercado Modelo fomos até a Cruz Caída, que foi construída no local em homenagem a antiga Igreja da Sé que foi demolida devido à construção para passagem dos bondinhos e hoje um dos melhores pôr do sol ali.

Depois tive a oportunidade de conhecer o Farol da Barra, repleto de história geral, com fotos, peças que chegavam por ali, descobri que búzios eram usados como dinheiro na época da escravidão e que os Portugueses dominavam nossos folhetins, além de outras coisas que todos nós já estamos cansados de saber. Deparei-me com anúncios de venda de pessoas, uma sensação de nojo me invadiu e uma sensação de que desde que o mundo existe, sempre existiu pessoas sem alma e que apenas pensam no poder.

Sai de dentro do Farol da Barra, com milhares de informações, imagens gravadas na mente, sensação das quais jamais vou sentir e foi mais uma vez muito bom adquirir conhecimento.

Continuando o passeio, fomos a Igreja do Bonfim, na entrada parece uma igrejinha qualquer. Mas ao entrar percebi os detalhes da pintura barroca ao neoclássico, uma mistura de pedras, ouro junto a sua construção e por fora podemos perceber mais uma vez a influência dos portugueses com seus azulejos tradicionais ao corredor que leva-nos a sala de milagres, cheia de energias confusas, fotos de pessoas a beira da morte, agradecimentos aos montes, juntos de pedidos de curas com fotos de suas enfermidades.

Lógico, que não podia deixar de agradecer por minha saúde, por minha vida até aqui, como tenho fé comprei a famosa fitinha e fiz meu pedido na grade da igreja e lá se perdeu aos milhões de fitas cheias de sonhos, esperanças e paz.

No meu último dia em Salvador, viajamos para outra praia chamada: Praia do Forte, lugar mais movimentado, com umas ruas cheias de lojinhas, restaurantes para os turistas apreciarem. Achei muito interessante a forma do mar nessa praia, as ondas bravas chegam até um limite do horizonte sentido a areia, mesmo assim ficam bem ao fundo do mar, pra frente delas formam um piscina enorme natural, onde com mergulho pode se ver os diversos peixes. Nossa fiquei horas com snork mergulhando sossegada, vendo os tipos de algas, os caramujos, outros seres que ficam entre elas e que vivem ali em paz. Interagi com os peixes de diversos tamanhos, pequeninos, médios, grandinhos, eles estão acostumados com ser humanos que qualquer movimento que faça com a mão, como se estivesse dando algo de comer eles  e colocam a boca em seus dedos como se tivesse beijando. Delirei com essa experiência, nossa não consegui tirar foto, mas a sensação na minha mente é indescritível.

Depois de almoçar, fomos ao projeto Tamar, onde eles pesquisam, conservam e procuram a melhor forma de manejar as cinco espécies de tartarugas marinhas. Elas são enormes, graciosas, param para serem admiradas, interagi com os filhotes delas e com uma arraia também.
Foram tantas energias das quais eu recebi, que me senti fortalecida, pelo ambiente do Pelourinho, pela benção na Igreja do Bonfim e pela magia do universo marinho.
Renovada e pronta para seguir em frente com um novo caminho, nova história e cheia de mudanças.






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